Referência para criação de personagem.

A gente precisa ler mais Manoel de Barros.
Ah, guarda-chuva...!
Cenário: Um tranquilo Café dentro de uma livraria em um lugar movimentado de São Paulo. Ambiente agradável e familiar. Três dramaturgos discutem.Dramaturgo 1: Pegue um punhado de farinha e coloque um pouquinho de sangue. Meio copo basta. Misture bem e modele a massa como o desejado. Coloque no microondas.
Uma criança loira, de olhos claros, corre pelo café, ao lado do local onde os dramatugos estão sentados.
Dramaturgo 2: Muito grande.
Dramaturgo 3: Ah, se eu trabalhasse na Brastemp.
As figuras imaginárias têm mais relevo e verdade que as naturais.
O meu mundo imaginário foi sempre o único mundo verdadeiro para mim. Nunca tive amores tão reais, tão cheios de verve, de sangue e de vida como os que tive com figuras que eu próprio criei. Que loucura! Tenho saudades deles porque, como os outros, passam...
Fernando Pessoa, Livro do Desassossego