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quarta-feira, fevereiro 14, 2007
Pelo experimentalismo da linguagem
Fonte: subverso

Tudo começou há uns seis ou sete anos. Eu ainda no colégio, e por indicação de uma colega de classe, assisti Nostalgia, um espetáculo da Sutil Companhia de Teatro, dirigido por Felipe Hirsch. Possivelmente aquela tenha sido a primeira vez que saí de casa para assistir a um espetáculo totalmente desconhecido, sem nenhum ator famoso. Me lembro de ter visto um espetáculo introspectivo, denso, um tanto sombrio, sobre o mergulho de um adulto em suas lembranças de infância e adolescência.

Naquela noite de domingo pela primeira vez na vida saí do teatro pensativo. Eu era um adolescente que não sabia o que queria da vida (não que hoje eu saiba), e não tinha referências suficientes para digerir aquele espetáculo. Aquela trilha sonora arrasadora, aquelas projeções, aquela iluminação e aquela cenografia absurda da Daniela Thomas (que depois eu descobriria que eram todas características do trabalho da Sutil) somadas àquele texto (embasado pela longa pesquisa da companhia pelas entranhas da memória), construíram esse universo que se manteve por muito tempo ecoando em minha cabeça e nunca havia entendido o porquê de tamanha fascinação por aquele espetáculo que vi uma única vez.

Anos depois, voltei a fazer teatro com um grupo que formamos na faculdade e do qual faço parte até hoje. E diferente das experiências anteriores, aprendi a digerir o teatro, e então eu consegui entender o porquê de eu ter me interessado tanto por aquela peça: era o começo de meu fascínio por novas linguagens. Comecei então a conhecer outras companhias e grupos fantásticos que, somados à Sutil (que eu adoro e acompanho até hoje), apesar de possuírem linhas estéticas e dramatúrgicas totalmente divergentes, têm em comum o estudo de novas novos formatos, novas possibilidades de encenação e de abordagem do texto, que fujam de alguma forma ao padrão estabelecido pelo teatro tradicional.

Entre estas companhias, gosto sempre de citar (além da Sutil), o Teatro da Vertigem e os Satyros. Recentemente pude somar também à minha lista de referências o Teatro Oficina de Zé Celso e o trabalho do diretor alemão Frank Castorf.

Todas essas referências, somadas logicamente à paixão que tenho pelo teatro desde os 8 anos de idade, fizeram com que surgisse uma angústia de sempre tentar fazer uma arte questionadora, não necessariamente de conceitos sociais, políticos ou ideológicos, mas sim questionadora de linguagens e formatos. Uma angústia de querer experimentar, tentar coisas fora do convencional, jeitos diferentes de se transmitir o que precisa ser dito (e o que precisa não ser dito também).

No fim das contas, poucas coisas têm me dado mais prazer do que tentar suprir esta angústia. E hoje tenho a sorte de participar de dois grupos que valorizam esse experimentalismo: o Sagomadarrea, grupo amador que está mergulhado em seu primeiro processo de criação colaborativa, com um espetáculo que fala de visibilidade, invisibilidade, crença, morte e solidão; e a II Trupe de Choque, companhia que, em seu segundo processo, está estudando a fundo o universo do shopping center e montará um espetáculo dentro de uma usina de compostagem desativada que é a sede da companhia.
Maurício Alcântara | 01:34

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