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Pingüim de CócorasNaquele dia eu saí do teatro com vontade de quebrar tijolos. Nos tempos de outrora, quando eu não possuía blog, saí do teatro com vontade de quebrar tijolos. Faz parte do papel transformador do teatro? Acho que sim. Entrei como as outras pessoas entram em um teatro. Andando. E saí querendo quebrar tijolos. A peça era totalmente experimental. Bela referência. Uns gostaram, outros não. Nesse dia, fomos do teatro ao metrô pulando e procurando tijolos. Não achamos nenhum.Me realizei noutro teatro, noutro dia, ainda em outrora, quando dei 22 marretadas na parede de outro teatro. Fazia parte de um tipo de protesto - o vizinho rico tampa o buraco, o pessoal do teatro abre. É bem mais legal abrir do que fechar. Foi umdoistrêsquatrocincoseisseteoitonovedezonzedozetrezecatorzequinzedezesseisdezessetedezoito
dezenovevintevinteumvintedois... em coro... De mão em mão, a parede transformou-se em lembrança e pó.Mais recentemente, uma mãe desesperada destruiu um bolo. Fragmentos gordurosos, farelo, cereja e chocolate voaram por toda a sala, sujando pisos e roupas. Compreensivo, era uma mãe de um filho imaginário que não conseguia acender as velas. Depois do tesão e delírio, restou comer as sobras do bolo. E tacar um pouquinho nos outros, é claro. O próximo passo, acredito que seja a nova peça do meu grupo de teatro. Uma dica - teremos jornalistas, publicitários e um engenheiro químico em cena.